Milena Loguercio

COMO CRIAR FILHOS FELIZES NUM LAR TRANQUILO

1-) O QUE ESPERA-SE DA RELAÇÃO PAIS E FILHOS?

As crianças vivem o “agora”. Elas não concentram seu tempo no passado nem ficam pensando no que tem para acontecer daqui há alguns dias. Para fazer sentido para a criança todo o seu raciocínio, o bacana é que você consiga expor “no momento” do ocorrido.

Os pais tem por hábito, costumes culturais, ensinamentos absorvidos no decorrer de suas vidas, colocar o foco naquilo que acontece que não foi bom entre eles e a criança, entre algo que a criança tenha feito durante o dia, enfim… O ponto é que a criança fica com a sensação de que o “valor” do dia dela ficou concentrado naquilo que ela “não fez de bom”.

O primeiro convite que venho te propor é que a partir de hoje, você se desafie a olhar para o “lado bom”. Sabe aquela história de que “tudo tem dois lados?” De que o “copo tem um lado meio cheio e um meio vazio?”. Pois bem, de hoje em diante, eu quero que você pare para reparar nas situações do dia a dia de vocês, o que foi feito de “BOM” mesmo nas situações em que você julgar como ruim.

Quando paramos para analisar o “lado bom”, aliviamos o clima existente entre nessa relação pais e filhos.

Educar é um verdadeiro desafio de encontrar um equilíbrio entre o que nossos filhos são e o que esperamos que eles venham a ser futuramente.

Atividade (1): Você já parou para pensar o que espera do seu filho no futuro? Faça esse exercício… Pare uns minutos, pegue um papel e um lápis e liste algumas características e habilidades que você deseja como pai ou mãe que o seu filho tenha bem desenvolvidas no futuro…

Veja se você listou algumas dessas características: inteligentes, emocionalmente estáveis, autoconfiantes, gentis, atenciosos, cidadãos modelo, resilientes…

O problema é que, dependendo do quão focado você estiver em ensiná-los todas essas habilidades, você pode acabar esquecendo de vivenciar o momento atual com eles e não conseguir enxergar quem eles já são.

Agora imagine como pode ser fantástico conseguir enxergar todo esse cenário e a partir de então conseguir identificar seu filho “no momento presente” entender as suas habilidades, peculiaridades e características para educar a partir de então!

Atividade (2): Reserve um tempo para construir uma lista que diga para o seu filho: “Eu gosto de você por que…” LISTE! Em seguida, leia para seu filho e se encante com os resultados. Você vai ver como situações lindas pode surgir a partir dessa lista.

Uma das bases da educação com a qual eu mais trabalho é o RECONHECIMENTO. Muitos pais estão acostumados a dizer para a criança o tempo todo “o que não agrada”. A ideia aqui nessa lista passa a ser reconhecer o que eles fazem que te deixa feliz, agradecido(a), orgulhoso(a).

Nós pais, precisamos entender que não precisamos consertar os nossos filhos. Eles não estão quebrados, eles não precisam de conserto. Quando percebemos que podemos amá-los e apreciá-los pelo que eles são encontramos um acesso para que eles nos ouçam melhor e assim possamos orientá-los cada vez mais dentro desse momento presente.

Eu sempre levo questionamentos para os pais com quem tenho a oportunidade de conversar no sentido de: “Em qual ponto da régua você se encontra?” Imagine uma régua de 0cm a 100cm (por exemplo) na qual qualquer, sim eu disse QUALQUER situação, característica, posicionamento, ou seja, novamente: QUALQUER coisa que esteja nas pontas da régua esteja prejudicando a si ou as pessoas ao seu redor. Algum exemplo???Até água! Pensa na régua e coloca a água na situação. Analisando, se você estiver no 0cm (não tomo água nenhuma) ou 100cm (tomo água muito demasiadamente), você está se prejudicando. Assim será com TUDO, absolutamente TUDO na sua vida. Por essa razão teremos que, como pais também, buscar sempre o equilíbrio. Para que isso aconteça, montei uma espécie de guia básico de “por onde começar” buscar este equilíbrio:

1- DESACELERE:

A sociedade atual vive num ritmo frenético. Caso não liguemos nossos alertas, temos a tendência de transferir toda essa correria para a vida dos nossos filhos fazendo com que eles passem por uma série de tarefas durante o dia, preenchendo a vida deles como “pequenos executivos” com muitos compromissos diários em suas agendas.

Ao apressarmos o dia a dia das crianças com frases do tipo: “vamos logo, tome o café por que temos horário para chegar”; “rápido, coloque os sapatos”; “rápido, cresça”.

Ao diminuirmos o ritmo das nossas vidas, podemos ver quem realmente são nossos filhos, temos tempo de admirá-los e, inclusive, de alimentar o que eu enxergo de bom.

Ao diminuirmos o ritmo das nossas vidas, temos tempo para fortalecer a conexão das nossas relações familiares através do aproveitamento de cada momento em que estamos próximos.

Ao diminuirmos o ritmo das nossas vidas, conseguimos nos divertir com eles ao mesmo tempo em que estamos construindo memórias positivas para o restante de suas vidas.

2- ACEITE! NINGUÉM É PERFEITO:

Você não é perfeito(a), não queira educar seu filho para ser um cidadão modelo. Vá com calma! Caso contrário, ao invés de ser um disciplinador do seu filho, você pode ser tornar o crítico dele já que a linha é tênue.

De repente, num belo dia, você se dá conta de que passa o seu dia apontando somente o que ele está fazendo “de errado”, somente criticando. Quando na realidade, através dos erros, surgem excelentes oportunidades de aprendizado. Dentro da disciplina positiva, os teóricos dizer justamente isso: “Erros são oportunidades de aprendizados.”

Tem pais que chegam num ponto de crítica tão alto que não consegue enxergar que se o filho faz o que se espera dele 80% e não 100% do tempo, ainda sim temos uma criança emitindo, na maior parte do tempo, comportamentos esperados. Porém, ao buscar a perfeição, esses pais tem a tendência a focar nos 20% não atingidos.

O ideal é que você tenha clareza do que espera do seu filho (atividade nº1) para que você consiga focar sua energia e seguir enfatizando esse ponto. Se tentar conseguir TUDO do seu filho, não atingirá os resultados esperados.

3- PENSE NO FUTURO, MAS VIVA O AGORA:

Diferente de nós adultos, as crianças vivem mais no momento presente. Elas não passam os dias delas relembrando aquela época x, y ou z que viveram no passado, nem construindo ou imaginando o que será no seu futuro.

Precisamos nos conscientizar de que para encontrarmos com nosso filhos teremos que estar presentes no hoje, no agora, no já!

Você não precisa de nada muito elaborado para “fazer valer esse momento”! Um “toca aqui” no meio do caminho para casa, uma piscadinha num encontro de olhares, uma dança espontânea no meio da cozinha, uma nota (de reconhecimento) fornecida a toa por um bom comportamento, um bilhetinho de “eu te amo” dentro da lancheira ou estojo… coisas muito simples porém que terão GRANDES significados na vida dos nossos filhos. Nossos filhos buscam o agora, então procure dar esses momento para eles sempre que possível.

4- TENTE OFERECER MAIS “SIM” PARA SEUS FILHOS:

Com que frequência você escuta:

“Me leva no parque?”

“Me dá um sorvete?”

“Podemos andar de bicicleta?”

“Podemos ir à praia?”

Mas como nossas vidas encontram-se naquele ritmo frenético citado no item 1, não nos sobra tempo para proporcionar prazeres simples, porém muito divertidos para nossos filhos.

Assim, tendemos a oferecer muito mais respostas negativas do que positivas para eles. Quando nos atentamos para este aspecto conseguimos selecionar mais momentos para respondermos positivamente e usufruirmos mais de momentos que gerarão memórias deliciosas neles.

Você já parou para analisar como a infância é um período curto? Com pouca idade ainda, por volta de uns 11 ou 12 anos, os “pré adolescentes” já estão trocando muitas situações nas quais antes faziam questão de seus pais por situações para vivenciar com seus amigos. Até você será grato por ter SE proporcionado mais momentos com seus filhos quando essa hora chegar.

5- NÃO CONSERTAR! NÃO ESTÁ QUEBRADO.

Você tem mais de 1 filho? Se tiver, sabe como eles são diferentes em personalidade e características uns dos outros, mesmo crescendo com o mesmo pai, a mesma mãe, a mesma casa… Eles não necessitam de alguém para “conserta-los” eles não estão quebrados. Os pais, normalmente, constroem um ideal de personagem que desejariam nos seus filhos, mas naturalmente, a maioria não atenderá a esse padrão.

Ao invés disso, os filhos necessitam sim de alguém que esteja presente para ESTAR com eles, com um guia, um mentor. Eles necessitam de nós para entender como eles mesmos são e construirmos um relacionamento a partir daí ao invés de transformarmos eles naquilo que desejamos que eles sejam.

6-) TECNOLOGIA, ATÉ ONDE?

Tá aí um assunto que eu considero batido já! Você já teve a oportunidade de assistir o vídeo de uma apresentação escolar na qual os filhos cantam para seus pais num pedido de “desconecte-se”? Vou deixar o link para que você assista por que vale muito a reflexão.

Ao mesmo tempo em que a tecnologia nos traz um mundo aberto, nos coloca em contato com aprendizados novos durante todo o tempo, nos colocar em contato com amigos, com trabalho, com sabedoria, com crescimento pessoal e profissional… Não sabendo dosar, nos tira dos momentos únicos que estão passando diante dos nossos olhos minuto a minuto e não retornarão mais. Aqui eu incluo o contato e convívio com nossos pequenos. Pense que você está super conectado à tecnologia as custas da conexão com o seu filho.

Desafie-se! Experimente deixar o telefone dentro da bolsa e empurrar seu filho na balança! A conexão nasce a partir da interação, do envolvimento, de momentos de diversão… e não quando estamos conectados à tecnologia.

7-) DISCIPLINE COM MODERAÇÃO!

Quando eu era criança, via-se mais crianças brincando nas ruas. Nos dias atuais “brincar na rua” virou algo raro de se ver. Adultos da minha época lembrarão de ruas por onde passaram na quais seus pais precisavam parar os carros para aguardarem que levantassem uma rede de vôlei para passar ou para que todas as crianças do time de futebol corressem para as calçadas, por exemplo.

Durante o tempo em que essas crianças brincavam nas ruas, estavam “longe” da vista de seus pais, não estavam sujeitas às críticas ou disciplinas em tempo integral como ocorrem nos dias atuais nos quais essas crianças estão na escola ou dentro de casa.

Por estarmos muito próximos, estamos constantemente chamando a atenção deles no sentido: “Não fala isso” “Não diga isso” “Não toque nisso”. Já experimentou contar a quantidade de “nãos” que você oferece num único dia ao seu filho?

Que tal se recordar mais vezes da sua infância mais livre e libertar um pouco mais seus pequenos?

Procure sim guia-lo e protegê-lo, porém não ocupe seu dia inteiro “disciplinando” deixe que eles tenham mais prazer no dia a dia deles.

Pense! Nossos filhos são incríveis e não precisamos dizer constantemente como fazer as coisas da melhor maneira mas aprecia-los como eles são também.

VIVA O MOMENTO! DESFRUTE DE UM TEMPO QUE ESTÁ AÍ AGORA POR QUE ELE NÃO PÁRA NEM REBOBINA!

Muitos Beijos!!!